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quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Dois chefs, um menu.

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Cannelloni de sapatateira ou mexilhões marinados com ravioli de alho? No resort Monte Rei, em Tavira, dois chefs espanhóis estão encarregues da refeição de sábado à noite.
Um jantar a quatro mãos, em pleno Algarve. O chef espanhol Roger Viñas juntou-se ao compatriota Jaime Perez que há cerca de sete anos está encarregue da cozinha do restaurante Vistas, no resort Monte Rei (Tavira). Do convite surgiu um menu de jantar que pode ainda ser degustado até este sábado (a iniciativa começou a 21 de agosto).
A autoria da carta pertence à dupla de cozinheiros, que além de amigos trabalharam juntos durante três anos. Ambos garantem que todos os pratos são de assinatura e seguem uma linha de trabalho identitária. “Esta é uma cozinha que nos representa, uma cozinha de produto e de inovação, na qual estamos a trabalhar há vários anos”, garante Jaime Perez. O chef, que durante a carreira cruzou-se com gigantes do sector, como Sergi Arola e Ferrán Adrià, confeciona comida mediterrânica, de inspiração ibérica. “Há que trabalhar com produtos frescos e acessíveis. Depois, entra a imaginação”, diz ao Observador. Acrescenta ainda que as diferenças entre Portugal e Espanha são poucas –”Os países são muito parecidos nos produtos, mas cada um tem as suas receitas”.
Voltando ao sábado à noite, da ementa fazem parte snacks (como terrina de foie gras com redução de vinho do Porto ou papada de porco com hummus) e uma amouse-bouche de filete de sardinha curada em cama de rebentos da estação e tomate. Seguem-se cinco pratos principais, entre os quais contam-se cannelloni de sapatateira com manga, mexilhões marinados com ravioli de alho e consommé de anéis de lula com almôndegas. A sobremesa é uma esfera de chocolate com gelado de baunilha e coulis de morangos, acompanhado de caipirinha, mas ainda há outros “mimos” dos chefs.
Esta é a primeira iniciativa do género. “O Jaime convidou-me. Somos amigos e esta foi uma oportunidade para conhecer o país e a cultura”, explica Roger Viñas que, desde 2003, comanda as operações gastronómicas no restaurante Manairó, em Barcelona, com uma estrela Michelin. Viñas aventurou-se entre tachos e panelas com apenas 14 anos, no Hostal de la Gloria. Desde pequeno que via a mãe cozinhar e garante que o que coloca no prato tem influências de saberes e sabores familiares.
Ao Observador diz que, quando se trata de gerir uma cozinha, o que conta não é a estrela Michelin, mas antes o que acontece diariamente e a superação constante de desafios. “São muitas horas de trabalho. É duro, mas o restaurante [Manairó] é como uma grande família”, diz. Também o jantar em questão, a ocupar as mesas do Monte Rei, envolveu horas e horas de preparação técnica. Ao todo foram dois dias intensos, conta Jaime Perez. “A papada de porco implica uma cozedura a vácuo. Foram precisas 27 horas”.
Esse terá sido um dos motivos porque Roger Viñas, que está pela primeira vez em solo português, ainda não teve oportunidade para explorar o país. Diz ter ido apenas a dois ou três restaurante e confessa-se fã do bacalhau à braz. Depois de terminada a refeição que ficou incumbido de preparar, admite que vai tentar colocar a jaleca de lado e armar-se em turista.
Até lá há mais jantares na calha. A iniciativa tem corrido bem, garante a dupla. Na primeira noite, a 21 de agosto, foram servidos cerca de 30 jantares e as críticas foram positivas, razão pela qual os chefs permanecem entusiasmados para os restantes dias. O jantar é aberto ao público e tem um custo de 75 euros por pessoa (acresce outros 35 euros pelos vinhos).

Comporta, o tesouro escondido.

Destino de verão para elites e um refúgio que ainda não conheceu o desenvolvimento excessivo visto por terras algarvias, é assim que a Business Insider apresenta a Herdade da Comporta.

Reinaldo Rodrigues / Global Imagens

Conhecer a Comporta, o destino onde europeus endinheirados podem “desaparecer” (“go off the grid”, expressão inglesa). É assim que a Business Insider começa por descrever a Herdade da Comporta, a maior propriedade nacional detida por privados e que se estende por 12.500 hectares na região rural do Alentejo (o artigo é original da Condé Nast Traveler).
O artigo dá conta de uma terra intocada, tal como descreve a jornalista Maura Egan, que cita diversos intervenientes, incluindo Isabel Carvalho, dona do restaurante Museu do Arroz: “As pessoas vêm aqui porque isto lhes faz lembrar de Saint-Tropez no anos 1970″. Mas também de Ibiza nos anos 1980 ou dos Hamptons na década de 1990. “O meu marido cresceu em Angola”, diz Isabel Carvalho. “E a primeira vez que aqui chegou, disse-me que isto lhe fazia lembrar África”.
Reminiscências à parte, a referência à família Espírito Santo é inevitável. A jornalista encara-a como uma das maiores dinastias bancárias de Portugal, se não do mundo. Talvez por isso tenha sido capaz de, à data, ter adquirido um lote de terra maior do que a cidade de Lisboa. “A família apaixonou-se com a paisagem desimpedida”, escreve Maura Egan, mas também pelos quilómetros de praias desertas, florestas densas cobertas de pinheiros mansos, sobreiros e campos de arroz. Motivos mais do que suficientes para que a Herdade da Comporta se transformasse no “playground privado” dos Espírito Santo.
A peça dá ainda conta da presença de figuras internacionais na Herdade. E dá como exemplo a Princesa Carolina e a aristocracia francesa. Mas também alguns dos cerca de 3.500 residentes a tempo inteiro — uma clara divisão sócio-económica entre os moradores e as multidões de verão, diz a autora, que recorda também a polémica em torno da citação de Cristina Espírito Santo no ano passado: “É como brincar aos pobrezinhos”.
“No fins-de-semana, durante a siesta entre a hora do almoço e do cocktail, o principal cruzamento da aldeia da Comporta fica entupido com BMWs, Range Rovers e os ocasionais dune buggy”. Se, por um lado, veem-se senhoras de idade a comer gelados de cone, por outro, há pessoas a comprar produtos como vinho do Porto, sardinhas em lata e cestos de palha. O certo é que por ali marcam presença distintas boutiques para diferentes estilos de vida. O artigo termina com uma citação do artista Jason Martin: “Passo muito tempo a viajar no circuito de arte que esta parece ser uma vida muito genuína [a vida na Comporta]. E desde que este sítio não se estrague como o Algarve, é o tesouro escondido da Europa”.